Retração do PIB no ano anterior de mais de quatro pontos percentuais e inflação fora da zona de controle. O cenário remete a um passado recente, mas trata-se do ano de 1991. Foi neste contexto que o então técnico agrícola Flávio Conrad, que tinha apenas 25 anos na época, enxergou dentro de um negócio familiar a oportunidade de plantar a semente de uma ideia que deu origem à Restaura Jeans, uma rede de franquias com 200 lojas espalhadas pelo país.

“Meus irmãos tinham uma empresa que fazia o beneficiamento de roupas novas. Quando era preciso tingir as peças dentro de um grande tanque eu mesmo mergulhava minhas roupas velhas junto com as outras para que ganhassem um novo aspecto. Dava certo e eu achei que aquilo poderia ser a brecha para um novo negócio”, lembra Flávio, que foi chamado de louco pelos amigos quando deixou de lado a carreira de sete anos como técnico agrícola para se dedicar integralmente à novata Restaura Jeans, nascida na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A primeira das três marcas pertencentes hoje ao Grupo Restaura.

A empreitada, na verdade, fazia todo sentido. A inflação chegava à casa dos 50% ao mês e o desemprego batia recordes. A ordem nos lares brasileiros era economizar. “Comprar roupas novas estava fora de questão e eu tinha a solução para este problema. Criei a Restaura Jeans pensando na economia que essas pessoas poderiam fazer reaproveitando as roupas. Santa Maria era uma cidade militar e universitária. Um laboratório perfeito para nós”, lembra, de maneira carinhosa, o empresário sobre a rede, eleita três vezes como a melhor franquia do país pela revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.

Hoje, aos 27 anos, a Restaura Jeans espera continuar com o seu ritmo de crescimento mesmo depois de três períodos turbulentos na economia brasileira. O ano de 2017 foi a prova de que é possível conquistar bons resultados mesmo com o país em dificuldades. Em 2018, a meta é chegar a 250 unidades.

“O segmento de limpeza e conservação viu um crescimento de 10,7% no número de novas unidades, a maior de todo o setor. Nossa rede atingiu um crescimento de mais de 10% em número de lojas no período”, explica Conrad, que usa exatamente a mesma tática vista nos anos 90, em pleno governo Collor.

O segredo para o crescimento está na eterna busca pelo entendimento da real necessidade do consumidor. Com uma gama muito maior de serviços em relação ao início dos anos 90, a Restaura Jeans seguiu o mesmo pensamento e juntamente com o aumento do número de unidades, o faturamento da rede chegou a R$86 milhões em 2017.

“Queremos que a holding como um todo chegue a 285 operações. Recentemente, adquirimos a DNA Natural e criamos novas marcas a fim de ampliar o nosso leque de produtos e serviços”, explica Flávio, que desde xxxx tem na figura do filho Paulo o seu braço direito, que hoje é Diretor Executivo do Grupo.

Novos rumos

Para 2018, a Restaura Jeans aposta na manutenção do comportamento dos clientes. A rede planeja, inclusive, usar a internet para alavancar ainda mais as vendas dos franqueados. A meta de faturamento é 20% maior que a do ano anterior, devendo chegar a R$103 milhões em 2018.

“Queremos estabelecer ações com blogueiras de moda, influenciadores no mundo digital. Queremos convidar gente que vivencia a moda a usarem nossos serviços de forma criativa. Apostando na sustentabilidade e em opções viáveis do ponto de vista econômico”, finaliza Paulo Conrad, CEO do Grupo.